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Você é o que escolhe ser

Já pensou quantas escolhas você faz ao longo do seu dia? O despertador do celular toca às seis da manhã, você olha e decide dormir por mais dez minutos. Então levanta, vai ao banheiro e logo após decide o que vai comer no café da manhã, ou então pega a primeira coisa que encontra na geladeira. Depois veste uma roupa, termina de se arrumar e vai para o trabalho ou para aula. Este é apenas o começo do dia, e você já fez muito mais escolhas do que imagina.

Raramente paramos para analisar quantas são as decisões que tomamos a cada minuto. Até porque se ficássemos analisando cada passo que damos, no fim, não faríamos nada além de análises do nosso pensar/agir. Estas reflexões são importantes e é por isso que a terapia tem um papel essencial. Sempre digo às minhas pacientes: “este horário da sua semana é dedicado para tirar um tempo para si, se analisar e perceber as escolhas feitas ao longo da semana”. E por quê as escolhas são tão importantes? Na psicoterapia existencial as escolhas são temas primordiais, pois nos construímos diariamente a partir das decisões que tomamos.

Um dos filósofos mais importantes do existencialismo é o francês Jean-Paul Sartre; ele quem inspira o fazer terapêutico existencial com o qual trabalho. Para este autor estamos “condenados a ser livres”, pois nossa liberdade está diretamente relacionada às nossas escolhas. A liberdade sartriana possui limites definidos por nosso período histórico, pela cultura, família, classe, raça, gênero, entre outros. Dentro destes limites temos possibilidades de escolher quem somos e como queremos conduzir nosso caminho no mundo. Por sermos construtoras de nossas caminhadas somos também responsáveis por cada passo que damos. Cada passo, cada pegada que marca nosso existir é demarcada pelas escolhas que fazemos, desde as mais pequenas até as grandes decisões que mudam o rumo da nossa história.

Escolhemos a hora que vamos nos levantar pela manhã, o que vamos comer ou vestir; decisões pequenas e diárias. E a vida nos apresenta também escolhas grandes como: mudar de emprego, terminar um relacionamento, sair do país, ter ou não filhos. Quando alguém nos pergunta o que queremos, e respondemos que “tanto faz”, ainda assim escolhemos, deixando na mão de outrem a decisão. Assim, às vezes escolhemos não escolher, e isso não deixa de ser uma escolha. É por isso que Sartre aponta nossa condenação à liberdade, pois nunca deixamos de escolher, mesmo quando fugimos do ato de decidir.

Você já tinha parado para pensar o quão valiosas são as escolhas que faz? Por isso que ter consciência e responsabilidade por nossas escolhas torna nosso caminho pela vida muito mais coerente. Ao final do dia tire um tempo para analisar quais foram as decisões (pequenas e grandes) que tomou ao longo do seu dia. Como essas escolhas te fizeram sentir? Elas te levam para onde quer ir ou te afastam dos teus projetos? Reflita e comece a fazer as melhores escolhas por e para si mesma.

REFERÊNCIAS

  • SARTRE, Jean-Paul. O existencialismo é um humanismo. Petrópolis, RJ: Vozes, 2010.